Da redação Diego Diego
Nesta quinta-feira (15/02) é o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil, data que traz o alerta e para a conscientização aos pais sobre os sintomas da doença. Referência na região, a Santa Casa de Araçatuba realizou 537 atendimentos em oncologia pediátrica na cidade e de pacientes de municípios vizinhos, em 2023.
A cada ano, cerca de 12 mil novos casos de câncer infantil são diagnosticados no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A doença é a principal causa de morte de crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos no país. A taxa de sobrevivência fica entre 41% e 60%.
“Os pais devem estar sempre alertas quanto aos sinais. Portanto, se o seu filho apresentar febre prolongada sem causa aparente, palidez inexplicada, aumento do volume abdominal, nódulos abdominais, dores de cabeça acompanhadas de vômitos, perda de equilíbrio, estrabismo, falta de coordenação motora, dificuldade para andar, manchas roxas pelo corpo que não estejam relacionadas a batidas ou sangramentos, ou se notar qualquer caroço ou nódulo em qualquer parte do corpo que esteja crescendo sem motivo aparente, é importante procurar ajuda médica imediatamente”, orienta a onco-hematologista pediátrica do Centro de Tratamento Oncológico (CTO) da Santa Casa de Araçatuba, Cibele Cristina Castilho.
Estes alertas quase chegaram tarde para Wanessa Alves, de Mirandópolis, que viu sua filha, M.A, travar uma batalha contra um câncer, diagnosticado quase cinco meses após os primeiros sintomas e atendimentos realizados em serviços de saúde daquela cidade.
Na época, a menina tinha 9 anos e teve vários episódios de febre, dores no corpo e indisposição. “Sempre apareciam alguns carocinhos aqui, outros ali. Ela tinha febre recorrente. Quando levava ela ao hospital, diziam que era virose ou algo parecido, o que atrasou bastante o diagnóstico”, recorda Wanessa.
M.A chegou a ser internada duas vezes seguidas em um hospitalar de Mirandópolis devido à febre alta e dores na perna, sendo diagnosticada com infecção no fêmur. Após receber alta, voltou ao hospital com febre e manchas no corpo e foi internada sob suspeita de dengue, posteriormente descartada.
Batalha
Transferida para a Santa Casa de Araçatuba, Maria Eduarda recebeu o diagnóstico de leucemia linfoblástica aguda B e iniciou o tratamento com quimioterapia. Permaneceu internada por nove meses, sendo um deles na UTI. Ela foi submetida ao tratamento com quimioterapia blina, um procedimento que não era comumente realizado na Santa Casa até então. “Foi necessário que o corpo técnico passasse por um curso para administrar a medicação na minha filha”, explica Wanessa, ao destacar a importância da estrutura da Santa Casa de Araçatuba, tanto para o diagnóstico correto, quando para a primeira fase do tratamento e a indicação para o transplante.
Após constatarem a ineficácia da quimioterapia, foi decidido que Maria Eduarda precisava de um transplante com urgência. “Então, eu, meu marido e meus dois filhos nos mobilizamos para fazer exames de sangue. Meu filho mais velho apresentou 50% de compatibilidade, enquanto o mais novo, 100%”, relata Wanessa.
Como o procedimento não era realizado na Santa Casa, Maria Eduarda foi encaminhada para São José do Rio Preto para receber a doação de medula óssea de seu irmão de apenas 5 anos. Após o transplante, MA fazacompanhamento médico de rotina e vem se recuperando bem. “Ela teve uma aceitação de 100% da medula, está começando a ter uma vida normal, inclusive já voltou a estudar”, explica a mãe.
Tipos de câncer
A oncologista pediátrica Cibele Castilho explica que os principais tipos de câncer que afetam crianças e adolescentes estão linfomas (câncer do sistema linfático), tumores no sistema nervoso central, neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico), tumor de Wilms(tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo), sarcomas (tumores de partes moles) e, principalmente, as leucemias (câncer da medula óssea).
De acordo a especialista, as leucemias linfoblásticas agudas são os principais cânceres infantojuvenis. “A leucemia linfoide aguda, ou LLA, é um tipo de câncer que ocorre quando um tipo de célula de defesa chamada linfócito tem um problema em seu DNA. Esse problema faz com que o linfócito não se desenvolva corretamente e não se torne uma célula de sangue saudável. Essas células anormais são chamadas de linfoblastos”, detalha a médica.
Diferentemente dos adultos, as crianças podem ser encaminhadas ao centro de referência mesmo com suspeita de câncer, agilizando os exames e diagnóstico. O tratamento do câncer em crianças e adolescentes é decidido com base no estágio e natureza da doença, podendo variar de um a três anos. “Após o diagnóstico, são realizados exames detalhados para determinar a extensão da doença e personalizar o tratamento, que pode incluir quimioterapia, radioterapia, cirurgia, Imunoterapia, vai de acordo com a necessidades individuais de cada paciente”, explica a especialista.
Estrutura
A unidade de tratamento oncológico desempenha um papel crucial, ancorada pela especialidade de Oncologia Pediátrica. A Santa Casa de Araçatuba é habilitada para tratar a maioria dos cânceres infantojuvenis, com exceção apenas dos tumores ósseos e oftalmológicos. Com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada, o Centro de Tratamento Oncológico (CTO) oferece uma gama abrangente de serviços, desde o diagnóstico até o tratamento e acompanhamento dos pacientes.
“O centro de tratamento oncológico é um setor complexo e ambulatorial. Nele, são realizadas consultas para casos novos, suspeitas de câncer infantil e acompanhamento de pacientes em tratamento e aplicação das quimioterapias. Contamos também com uma farmácia especializada, além de possuir uma sala de procedimentos onde são realizadas quimioterapias intratecais, comuns no tratamento das leucemias”, destaca Cibele.
A Santa Casa também disponibiliza leitos de internação para crianças e adolescentes na enfermaria de pediatria geral, com possibilidade de internação para administração de medicações e quimioterapias contínuas. Além disso, o hospital oferece tomografias, ressonâncias magnéticas e exames de medicina nuclear, como cintilografias e PET-CT, através de convênio com serviço terceirizado. Procedimentos com sedação, como biópsias de medula óssea, são realizados no centro cirúrgico, que também conta com um setor de radioterapia para atender tanto adultos quanto crianças.
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