Da redação Diego Alves
Um espetáculo cheio de referências à cultura popular. “Xandú Quaresma – Farsa com Cangaceiro, Truco e Padre” será apresentado nesta quinta-feira (18), às 20h, no teatro do Sesc Birigui, com convites limitados.
A peça retrata um grupo de teatro mambembe musical que conta as maravilhosas histórias do prisioneiro Xandú Quaresma, interpretado pelo ator José Eduardo Rennó, em uma pequena cidade do sertão nordestino chamada São Sebastião da Serra Baixa. Ele está encarcerado há dois anos por enganar o Vigário ao vender-lhe um cavalo cego e velho, que morre logo após a negociação.
O fora da lei conta para todos os cantos que, na realidade, só está há tanto tempo preso porque é responsável pelos serviços de limpeza da cidadezinha e porque todos adoram ouvir os seus causos, já que ele é a pessoa mais interessante e criativa que passou pela cidade em muitos anos.
Ao narrar todas suas histórias fantasiosas ao longo da peça, Xandú deixa todo mundo na dúvida sobre o que é verdade e o que é mentira. Tudo isso numa divertida comédia de costumes, mesclando sua trajetória de vida com momentos e personagens históricos do país, como Marechal Deodoro, Padre Cícero, Antonio Conselheiro e Lampião.
O elenco é composto por Cristiano Tomiossi, como Padre Jeremias, Conrado Caputo (delegado), Greta Antoine (Aparecida), Dênis Goyos (cabo Arlindo), Gisela Millás (dona Semirames) e Lui Vizotto (Virgulino). A direção é de Débora Dubois e o texto de Chico de Assis.
O espetáculo foi contemplado em 2019 com o prêmio Zé Renato de Teatro, mas somente em abril de 2022 começou tomar forma e ganhar vida.
A diretora começou a procurar algo que fizesse sentido para ser encenado no pós-pandemia, com aumento da pobreza e com a dor, luto e a desesperança escancarados em toda parte do Brasil. Nessa procura, transformou esses personagens de São Sebastião numa trupe de teatro que espera oportunidade de se apresentar e fazer o povo sorrir.
O texto de Chico de Assis, sendo a diretora, é de um humor inteligente, que lembra as grandes obras e os personagens de Ariano Suassuna, assim como o início do cinema no Brasil, com Mazzaropi, Oscarito e Grande Otelo.
O texto
Chico de Assis foi um dos grandes dramaturgos brasileiros do século passado. Grande pesquisador, teve uma parte de sua vida dedicada aos cordéis. Encontrou naquelas obras “ingênuas” muito mais do que uma diversão literária. Investigou as estruturas e achou que boa parte da estética popular brasileira estava naqueles livros de poucas páginas e grande conteúdo.
Após a leitura de 800 libretos de cordel, Chico de Assis pôs-se a escrever as peças “O Testamento do Cangaceiro”, “As Aventuras de Ripió Lacraia” e “Farsa com Cangaceiro Truco e Padre”, que, mais tarde, receberia o nome de “Xandú Quaresma”. Ele classifica esses textos como Épicos Populares e os apresenta como uma trilogia de Teatro de Cordel.
Compartilhem, deixe seu seu